Para Cláudia, ser intérprete de libras é missão que começou há 26 anos e hoje auxilia em atendimentos do Detran

Utilizada por milhões de pessoas, para se comunicarem no dia a dia, a Libras (Língua Brasileira de Sinais) tem uma data só pra ela. O dia 24 de abril marca o Dia Nacional da Libras, e é celebrado em referência à Lei 10.436/2002, que reconheceu como meio legal de comunicação e expressão a língua brasileira de sinais, garantindo atendimento e tratamento adequado às pessoas surdas por parte das instituições públicas.

Claudia Almeida Gonçalves Salomão é servidora do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) há 18 anos, mas antes de prestar o concurso para Gestora de Atividades Gerais, ela já atuava como intérprete de libras.

O primeiro curso ela fez na igreja em 1998, quando ainda estava na faculdade de direito. Teve facilidade, e com isso foi se aperfeiçoando em qualificações que possibilitaram que ela atuasse como intérprete profissional, em concursos, vestibulares, congressos e palestras. “Fui do primário à universidade. Já interpretei muito”, conta.

“Eu gosto porque eu penso que a gente não nasceu ouvindo por acaso, tem que ter uma utilidade. E se eu tenho essa benção de ouvir, é para fazer o outro ouvir também. Acho que a gente tem que ter uma função. E essa facilidade que eu tive com a libras, é para alguma finalidade. Então eu entendo que tinha por obrigação facilitar essa comunicação com o surdo”.

Embora tenha isso como uma missão de vida, Claudia conta que precisou reduzir o ritmo, por problemas de saúde. “Eu tive um problema no pulso, que era um cisto, e o médico disse que eu teria que parar. Depois de um tempo, o Detran-MS teve necessidade e eu voltei a interpretar para o Detran-MS”.

No Programa CNH MS Social, que custeia todo o processo de 1° habilitação para pessoas de baixa renda, Cláudia tem auxiliado os candidatos com surdez. Uma das candidatas, inclusive, já foi aprovada no exame teórico, e vai começar a etapa prática no mês de maio. Ela se emociona ao lembrar do dia que a candidata foi aprovada no exame.

“É uma sensação de dever comprido. Satisfação ver a felicidade dela quando ela passou no teórico, nossa. Ela ficou muito feliz. É você possibilitar uma igualdade. Porque ela quer fazer, ela tem como fazer, tem capacidade, mas esbarra na comunicação, porque a gente pensa assim: como não consegue? A informação tá aí para todo mundo. E não é essa a realidade, pois o que pra gente é tão normal, ouvir no rádio, na TV, para eles não é. Só se alguém interpretar para eles”.

Claudia é mãe de Samuel, de apenas 3 anos, e ela pretende deixar essa herança para ele. “Eu comecei a ensinar, porém, logo ele esquece. Mas eu to falando algumas coisinhas já para ele. Quando as minhas sobrinhas eram pequenas eu ensinava para elas: paciência… calma…”, diz gesticulando.

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é complexa como qualquer outra, considerada língua por ser composta por diferentes níveis linguísticos, possuindo expressões e estruturas gramaticais próprias. Existem diversos cursos na internet, gratuitos e pagos.

A OMS estima que, até 2050, 900 milhões de pessoas podem desenvolver surdez.

Texto e foto: Mireli Obando, Comunicação Detran-MS